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UFSCar e Embrapa desenvolvem óculos que ajudam a identificar o greening

A princípio, ele parece apenas um par de óculos ‘estiloso’, mas é mais do que isso. O “dispositivo de ajuda perceptiva na atividade de inspeção visual para detecção de plantas cítricas com Huanglongbing”, seu nome original, tem filtros que ajudam a detectar o greening, doença que em 2016 afetou 16,92% dos pés de laranja em São Paulo e Minas Gerais.

Fruto da pesquisa de mestrado do engenheiro Luiz Otávio dos Santos Arantes, o modelo foi desenvolvido em uma parceria entre a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Embrapa Instrumentação. Ele será apresentado nesta semana na Agrishow, em Ribeirão Preto, e já está disponível no mercado.

Funcionamento

Os óculos têm lentes coloridas que filtram os raios de luz de forma a destacar o amarelo, sintoma da infestação, durante a inspeção visual realizada nas fazendas.

Em sua dissertação, Arantes explica que a retina humana é predominantemente sensível ao verde e ao azul e, se a intenção é destacar outras cores, o ideal é absorvê-los. Para isso, é necessário trabalhar com as cores complementares. No caso de superfícies como lentes, a cor complementar ao verde é a magenta, daí sua escolha para o projeto.

O amarelecimento das folhas, porém, também é sintoma de outros problemas, como déficit de zinco e existência de galho quebrado. Daí a importância dos funcionários que trabalham no controle da doença, que reduz o tamanho dos frutos e a produtividade das plantas.

Processo

Débora contou que a parceria surgiu depois que Nilton Luiz Menegon, orientador de Arantes, foi procurado por representantes do setor de laranja. “Começamos a trabalhar em conjunto e a pensar em uma estrutura viável, possível de ser replicada em óticas convencionais”, relatou.

Nesse processo, foram desenvolvidas e testadas diferentes receitas de lentes e, quando o modelo foi decidido, foi levado a campo.

“Foram aproximadamente 10 filtros de luz diferentes analisados, desde as primeiras amostras até a versão final desenvolvida especificamente para a aplicação na identificação de greening”, contou Arantes.

Os óculos passaram por um pré-teste em Boa Esperança do Sul e em testes em fazendas de Matão, Anhembi, Reginópolis e Bebedouro. Nessas etapas, os inspetores foram avaliados sem óculos, com óculos brancos (placebo) e com óculos rosa (com lentes magenta), e relataram maior facilidade de encontrar plantas com a doença com as lentes coloridas.

 “Sobretudo a facilidade de identificação de greening melhora devido ao efeito que os óculos proporcionam de intensificação do contraste entre o verde e o amarelo, caraterísticas da doença. Isso ficou bastante destacado na verbalização dos trabalhadores ao reportar maior facilidade de identificar o que chamam de ‘ramo amarelo’, ou seja, as folhas com sintomas. Isso demonstra que o filtro de luz desenvolvido gera o efeito esperado e contribui com a realização da atividade”, completou.

Outro ponto positivo, segundo os pesquisadores, é o fato de o modelo ter bloqueio UV. “Os trabalhadores ficam expostos ao sol e, no longo prazo, isso pode causar catarata, então funciona também como equipamento de proteção individual (EPI)”, disse Débora.

Os Óculos de Inspeção de Greening na Citricultura estão disponíveis na Fhocus Optical Solutions, empresa de São Carlos licenciada para fabricação e comercialização do produto, e têm custo unitário estimado de R$ 200.

Futuro

Outro equipamento de combate à doença, este em fase de testes, é o Fóton Citrus. No caso dele, adiantou Milori, a inspeção é feita de forma automatizada.

O aparelho analisa as folhas das plantas, aponta se estão ou não com greening e indica seu posicionamento via GPS, gerando um mapa da infestação.

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