Violência

Treze anos da Lei Maria da Penha; o relato de mulheres paraibanas

Ana Paula dos Santos sobreviveu às agressões do ex-marido. Foi quase um ano convivendo com a violência diariamente dentro de casa. Tudo começou com o uso de drogas. “Através disso, ele começou a agressão verbal. Depois a psicológica e depois a física, com faca, chave de fenda. Passei um período de uns 8 meses aguentando isso”, declarou.

Quando conseguiu se livrar do agressor, graças ao apoio da família, Ana Paula teve que sair de São Paulo, onde vivia, e veio morar na Paraíba. Hoje ela reconstruiu a vida. Uma cirurgia reparadora ajudou a amenizar as cicatrizes que ficaram pelo corpo.

“Eu cheguei a fazer duas cirurgias e uma suturação. Me deram encaminhamento e assistência psicológica e social”, revela Ana Paula.

Infelizmente, nem todas as mulheres vítimas de violência conseguem sobreviver. Só no primeiro semestre deste ano, segundo dados obtido pela Lei de Acesso à Informação, 17 casos de mortes de mulheres estão sendo investigados com feminicídio pela Polícia Civil.

Na tentativa de combater a violência contra a mulher, o Centro de Referência da Mulher, em João Pessoa, realiza por mês mais de 200 atendimentos.

Foi no Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra que Ana Paula conseguiu apoio e o encaminhamento para fazer a cirurgia reparadora, que é garantida por lei para mulheres que sofreram alguma lesão por causa da violência. O espaço também funciona com todo o acolhimento e orientação para essas mulheres em situação de violência.

No local, a vítima é acolhida por uma equipe multifuncional, com advogados, assistentes sociais e psicólogos. No Centro também já um apoio com terapias alternativas que ajudam nos problemas emocionais das mulheres.

Gabriela de Quadro Montebeller é professora e também já sofreu violência psicológica e física. “Quando eu cheguei aqui a primeira coisa que comecei a perceber era que todos os fatores que acarretavam, o momento que eu estava vivendo na minha vida e não a minha culpa dentro desses momentos e como que eu estava sofrendo perante opressões tanto da sociedade quanto de uma pessoa em específico e isso me ajudou a abrir portas e recuperar a minha vida, o meu psicológico e emocional”, relatou.

Já outra mulher, que não quis se identificar, mas conversou com a TV Paraíba, adquiriu depressão após anos de agressão sofrida pelo marido.

“A pessoa toda vez que vai tomar o remédio nunca esquecer do agressor, a gente sabe que está engolindo aquilo ali porque foi muito judiada. Eu também colocava que na cabeça que tinha que criar meus filhos para poder sair de perto. Mas quando fui sair de perto foi muito tarde. Eu já estava doente. E o que eu tenho para dizer para as mulheres hoje é que se alguma mulher tiver algum companheiro e ele levantar a mão, deixe-o. Não espere. Porque se bater a primeira vez ele não vai parar. Não vai. Não tem historinha de volta, porque volta e ele bate. Eu volte várias vezes e toda vez ele espancava. Até que eu surtei mesmo, fiquei louca mesmo, tentou me matar. Jogava água gelada em cima de mim, até um dia ele tentou me matar com um pau. Dessa vez danou minha cabeça muito na parede. Aí eu não vi mais nada”, relata.

Os atendimentos no Centro de Referência são feitos de segunda-feira a sexta-feir das 8h às 17h e pelo telefone 0800 283 3883.

 
 G1

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