Guerra contra o tráfico

Rio de Janeiro: Tiroteios semeiam caos e Exército tenta cercar Rocinha

As duas faces do Rio de Janeiro ficaram mais expostas do que nunca nesta semana. Enquanto milhares de pessoas curtem diariamente os shows de grandes artistas internacionais no Rock in Rio, ninguém consegue frear a violência na grande favela da Rocinha, na Zona Sul da capital fluminense, onde os tiroteios ocorrem há seis dias. Após a situação piorar nesta sexta-feira, o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), pediu a intervenção do Exército brasileiro para cercar a comunidade. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, autorizou o envio de mais 950 soldados. Os intensos tiroteios obrigaram a fechar o trânsito na via entre a Lagoa e a Barra, a principal ligação entre as Zonas Sul e Oeste da cidade carioca.

A situação na Rocinha esta fora de controle desde o domingo passado, quando traficantes de outros morros invadiram a favela e começaram os enfrentamentos com o atual chefe do tráfico na região, conhecido como Rogério157. A causa do confronto são as divergências entre Rogério e anterior chefe do crime na Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, na cadeia há seis anos, segundo informações de diversos veículos de imprensa. Desde então, os tiroteios ocorrem diariamente entre grupos armados com rifles e pistolas, e semeiam o terror entre os moradores, sem que a Polícia Militar consiga freá-los.

A situação piorou notoriamente nesta sexta-feira. Os tiroteios começaram de novo de manhã e um grupo de criminosos incendiou um ônibus perto do túnel Rafael Mascarenhas, na estrada entre a Lagoa e a Barra da Tijuca, embaixo da Rocinha. A polícia fechou o trânsito nessa via por volta das 10 horas, o que causou grandes engarrafamentos. A violência também deixou sem aulas cerca de 3.000 estudantes, segundo a Globo News. Por enquanto, a única vítima confirmada de hoje foi um homem de 41 anos que foi levado ao hospital ferido de bala, informou também a TV Globo. Mas há notícias de um adolescente que teria sido baleado dentro da sala de aula.

“Não vamos recuar dentro da Rocinha”, afirmou o governador após anunciar que havia solicitado a ajuda das Forças Armadas. Pezão também disse que ao longo da quinta-feira a polícia conseguiu apreender “grande quantidade de armamento e drogas” na favela. Por volta das 14 horas o ministro Jungmann confirmou o envio de 700 membros das Forças Armadas com o intuito de bloquear todas as entradas e saídas do morro. Logo depois, o Ministério da Defesa decidiu aumentar o número para 950.  Em princípio, os militares não atuarão na linha de frente do combate, apenas no suporte operacional. Todos os profissionais empregados na ação são da Polícia do Exército, um grupamento de ação rápido que costuma atuar em casos envolvendo os próprios militares ou em proteção ao patrimônio. O número de homens atuando na cidade poderá aumentar, caso o comando militar conjunto – um grupo formado por policiais estadual, federal e Forças Armadas – entender que é necessário o reforço. De acordo com Jungmann, até 10.000 militares do Exército poderiam atuar no Rio.

 

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