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Raúl Castro comenta o ‘longo e difícil caminho percorrido’ por Cuba

O presidente de Cuba, Raúl Castro, admitiu o longo e difícil caminho percorrido desde que a revolução de 1959 venceu, faltando um mês para que deixe o cargo e ponha fim a uma era na ilha socialista.

“Percorremos um longo, longo caminho. E difícil. Mas percorremos honradamente, conjuntamente com todo nosso povo, para que nossos filhos, os de agora e os do futuro, sejam felizes”, afirmou Castro em declarações difundidas nesta segunda-feira pelo governo.

Os comentários foram feitos durante sua visita a uma escola em Santiago de Cuba (sudeste), onde votou nas eleições de domingo, as primeiras sem Fidel Castro, falecido em 2016. Cuba votou no domingo para escolher o novo Parlamento, de onde sairá, em abril, o sucessor do presidente Raúl Castro, uma mudança histórica na ilha, mas dentro da continuidade do sistema socialista.

O processo é o mesmo que acontece a cada cinco anos: são 605 candidatos designados para o mesmo número de cadeiras na Assembleia Nacional, um sistema singular na América Latina. Os nomes devem ser ratificados por mais de oito milhões de cubanos com mais de 16 anos, equivalente a 72% da população. Esta é a primeira eleição geral sem Fidel Castro, que governou a ilha como presidente de 1976 até 2008 – eleito pela Assembleia Nacional ou Parlamento. Depois o seu irmão Raúl assumiu o poder. A sucessão dos Castro marcará o início da mudança de geração em Cuba, que não se afasta do “castrismo”.

De acordo com a Constituição, o Partido Comunista de Cuba (PCC) – do qual Raúl continuará como primeiro secretário até 2021 – é a “força dirigente superior da sociedade”. As previsões apontam que a Assembleia Nacional escolherá em abril como sucessor de Raúl Castro o atual primeiro vice-presidente, Miguel Díaz-Canel, um engenheiro de 57 anos de lenta, mas eficaz, carreira no poder cubano.

Esta será a primeira vez desde 1976 que uma pessoa sem o sobrenome Castro, e que não é um militar que lutou na Revolução, ocupará a presidência. O nome do novo governante será conhecido em 19 de abril. A data não é casual. Trata-se do 57º aniversário da vitória na Baía dos Porcos, lugar da “primeira derrota do imperialismo ianque na América Latina”. O analista cubano Arturo López-Levy, professor da Universidade Texas-Rio Grande Valley, considera que “o problema da ausência de um líder carismático se aprofunda (…) o desgaste ante a falta de resultado econômico sem a esperança da retórica cativante de Fidel Castro se tornou palpável”.

Os opositores criticam, no entanto, porque a eleição presidencial não é direta. Grupos dissidentes como “Candidatos pela Mudança” pedem votos para os mais jovens, enquanto o “Cuba Decide” pediu votos em branco ou frases de oposição nas cédulas.

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