Ninguém aqui vai se meter a ensinar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como se faz política. Fazendo tudo unicamente por sua própria cabeça, sem ouvir os sábios eleitorais da praça, nem ler uma linha do livro de regras, ele se elegeu presidente da República – sem um minuto de televisão, sem partido, sem “base no Congresso”, sem jatinho, sem dinheiro, sem “empresariado”, sem organizações sociais, sem a CNBB, sem nada.
A única coisa que tinha é a que tem até hoje: uma hostilidade inédita dos meios de comunicação. Ele, na época, sabia o que estava fazendo. É de se presumir que continue a saber agora.
O presidente está numa trip de guerra no presente momento. Acha que falando grosso vai mobilizar as suas bases, falar o que a sua militância quer ouvir, voltar a pauleira da campanha que deu tão certo.
Como tantos outros políticos, tem certeza que conhece “o povo” – ainda mais agora, com redes sociais, “ferramentas” digitais avançadíssimas e gênios dos algoritmos, dos logaritmos e até dos ritmos em seu redor, adivinhando tudo o que o povo pensa.
E o que é que o povo pensa? Não se sabe direito nem o que é o povo, ou onde ele está – imagine-se, então, a dificuldade de saber o que ele pensa.
Mais ainda: quem garante que ele vai pensar amanhã o que está pensando hoje? Ou se está pensando em alguma coisa? A resposta mais comum para tudo isso é: o “digital” descobre. A ver.
J.R.Guzzo
