O presidente do Tribunal de Contas da União, ministro Augusto Nardes, voltou a fazer duríssimas críticas contra o papel do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014. Cinco dias depois de classificar as obras de mobilidade como o “maior problema” da Copa no país, ele declarou em entrevista concedida em João Pessoa (onde participou de evento sobre transparência pública), que o Brasil vai passar por “sérios constrangimentos” ao longo do Mundial.
Em tom grave, disse também que o país já vem “passando vergonha” e que o TCU, em auditorias preventivas realizadas apenas no ano passado, evitou que os governos Federal e estaduais gastassem R$ 700 milhões que seriam “utilizados indevidamente”.
De acordo com Nardes, a Copa do Mundo de Futebol, que era para ser um momento de “atração” dos povos dos vários continentes em torno país, vai passar longe disto, o que segundo ele é algo para lá de lamentável.
– Alguns países estão recomendando e sugerindo que seus cidadãos simplesmente não venham ao Brasil. Esta já é uma vergonha que estamos passando – lamentou.
- Presidente do TCU critica obras de mobilidade urbana: “Maior problema”
Augusto Nardes fez questão de dizer que apesar de tudo isto está torcendo pelo Brasil e pela Copa do Mundo que o país sediará, mas que ele como presidente do TCU não pode se enganar, nem fugir da realidade que se avizinha.
– Passaremos por outros constrangimentos – previu.
Depois, num aparente tom de ironia, ele disse que num modo geral, e apesar de tudo o que já vem acontecendo, o país vai sair da Copa com uma imagem positiva. Mas apenas porque a maioria da população mundial, obviamente, não vai visitar o país-sede.
– O Brasil ainda assim vai sair com uma imagem positiva. Porque o mundo todo não vai poder vir ao país. Então quem assistir a Copa pela televisão, vai conseguir ver um espetáculo bonito. Uma festa animada. Mas quem inventar de vir para cá, vai ter muitos problemas de locomoção – pontuou.
Por fim, ele apontou quais os principais culpados sobre todos os problemas que cercam a realização da Copa do Mundo no Brasil:
– Temos que acabar com o jeitinho e com a improvisação no nosso país. Foi isto o que acarretou todos os problemas – declarou.
Superfaturamento em obras
O ministro Augusto Nardes disse ainda por sua passagem pela Paraíba que o Tribunal de Contas da União, apenas em auditorias preventivas realizadas no ano passado, evitou o gasto desnecessário de R$ 700 milhões em sobrepreços encontrados em obras da Copa do Mundo, e que apenas no Maracanã, classificado por ele como sendo como “principal marca da Copa no Brasil”, o sobrepreço era de R$ 100 milhões.
– Não quero que encarem minhas críticas como de alguém que eventualmente torça contra o Brasil. Queremos apenas fazer nossa parte e alertar o Brasil. Tentar ajudar o Governo Federal e os governos estaduais para que os erros sejam minimizados – finalizou.
Globo Esporte Paraíba
