A força-tarefa criada pelo MP-GO (Ministério Público de Goiás) para apurar as acusações de abuso sexual feitas contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, realizou atendimentos à pessoas de seis países diferentes nesta sexta-feira (14), e que enviaram seus relatos pelo canal de denúncias criado pelo órgão. Entre os países, estão a Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça.
Segundo o MP-GO, desde segunda (10), quando foi criado o e-mail para recebimento de denúncias de vítimas, foram recebidas 335 mensagens e contatos por telefone foram atendidos.
Também já foram coletados ao menos 30 depoimentos pelos MPs de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Espírito Santo. Há também relatos vindos do Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa Catarina, Piauí e Maranhão.
Reunião – Também nesta sexta o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, se encontrou com o delegado-geral da Polícia Civil, André Fernandes, para aprimorar a integração da atuação do MP e da Polícia Civil no caso.
A força tarefa também ganhou dois reforços para os trabalhos. Um deles é da promotora Cristiane Marques de Sousa, titular da promotoria de Abadiânia, que foi convocada das férias para integrar o grupo, que também recebera uma delegada ao grupo já formado de cinco promotores e duas psicólogas da equipe do MP.
Pedido de Prisão – A Justiça de Abadiânia (GO) acatou o pedido do MP-GO (Ministério Público de Goiás) e decidiu pela prisão preventiva de João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus. A informação foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública de Goiás.
Após ter a prisão decretada pela Justiça de Abadiânia (GO), o médium João de Deus deve se apresentar para a polícia para ser detido. É isso que acredita o advogado Thales Jayme, amigo do suspeito de assediar sexualmente centenas de mulheres durante rituais religiosos.
A defesa de João de Deus enviou uma nota à imprensa na tarde desta sexta (14) após o pedido de prisão.
“Nota da defesa de João de Deus
1. Na última segunda-feira, dia 10/12/2018, estivemos no MP estadual em Goiania para obter cópias dos depoimentos prestados pelas vitimas e amplamente noticiados pela imprensa. O pedido foi negado sob o argumento da preservação do sigilo.
2. Agora veio o decreto de prisão preventiva e, estranhamente, nos disseram que o processo fora encaminhado de Abadiânia para Goiânia a fim de que o MP tomasse ciência da decisão. Sim, é importante que o órgão acusatório tome ciência, mas ninguém se preocupou em disponibilizar uma simples cópia da decisão para a defesa.
3. É inaceitável a utilização de pretextos e artifícios para se impedir o exercício do direito de defesa. Sobretudo no que diz com o direito básico de se aferir a legalidade da decisão mediante a impetração de habeas corpus. Até mesmo o número do processo não se disponibiliza à defesa.
4. Que a autoridade judiciária queira impor a preventiva, embora possamos discordar, é compreensível, mas negar acesso aos autos, chega a ser assombroso.”
Entenda o caso – Na noite desta quarta (12), a Promotoria de Justiça de Goiás solicitou a prisão preventiva do médium, cinco dias depois de as primeiras denúncias de abusos sexuais começarem a aparecer.
Uma força-tarefa foi criada pelo MP para ouvir as vítimas do médium. Até a noite desta quinta-feira (13), 330 mulheres, só em Goiás, foram atendidas pela equipe criada especialmente para atender o caso.
Em sua primeira aparição pública após as denúncias, na manhã desta quarta-feira (12), João de Deus ficou cerca de 10 minutos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás. O médium e se disse inocente e declarou ainda que estava à disposição da Justiça.
Outro lado – O advogado criminalista Alberto Toron, que representa João de Deus, se posicionou sobre as acusações de abuso sexual contra o médium em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo. Ele afirmou que o médium “nega e recebe com indignação a existência dessas declarações”.
“O que eu quero esclarecer, que me parece importante que se esclareça ao grande público, é que ele tem um trabalho de mais de 40 anos naquela comunidade, atendendo a todos os brasileiros, atendendo gente de fora do país, sem nunca receber esse tipo de acusação”, disse o advogado.
Ainda segundo Toron, João de Deus vai se apresentar à Justiça nos próximos dias para colaborar no que for necessário.