Operação Calvário

Minhas memórias: O Diário de Livânia

Livânia tem um diário. Ou, pelo menos, começou a escrever um. Talvez durante a viagem que a trouxe de volta à Paraíba no último sábado (16), quando foi presa por agentes da Operação Calvário ao desembarcar no Aeroporto Castro Pinto, de Bayeux.

Especulou-se hoje que Livânia escreveu não um diário, mas cartas de despedida. Quatro. Uma para a família, outra para uma amiga de Sousa, uma terceira para o governador João Azevedo e a quarta para o ex-governador Ricardo Coutinho.

O apurado pelo blog não bate com a versão de tragédia anunciada ou presumida, em consequência da prisão de Livânia por supostamente ter recebido propinas da organização que atende pelo nome de Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul (CVRS).

Livânia não escreveu cartas. Não no formato convencional. São anotações lançadas numa agenda com a logomarca do Sebrae. A agenda estava entre os pertences revistados logo após o desembarque em solo paraibano. Foi apreendida, digitalizada e devolvida. Aos advogados dela.

Nos escritos, ela faz referências ou manda recados. João e Ricardo, destinatários. Mas o conteúdo ainda é segredo da investigação. Tanto quanto o que ela diz sobre Octávio Paulo Neto, coordenador do Gaeco, a “Lava Jato da Paraíba”, e o desembargador Ricardo Vital de Almeida.

Sabe-se, todavia, que no seu ‘diário’ Livânia identifica no promotor de Justiça e no magistrado seus algozes. E, por conta da mágoa ou impressão, teria apontado familiares de um e de outro como servidores públicos que receberiam salário sem trabalhar.

Para quem é ‘novo’ no assunto – Livânia Farias foi secretária estadual de Administração até sexta-feira (15) passada, cargo do qual pediu exoneração por ser investigada pelo Gaeco (Grupo de Ação Especial contra o Crime Organizado, do Ministério Público da Paraíba) na Operação Calvário.

Ela esteve à frente de grandes contratos e licitações firmados pelo governo estadual nos últimos oito anos. Destaque para aquele celebrado com a CVRS, a organização social descrita pelo Gaeco como organização criminosa que ainda administra o Hospital de Trauma de João Pessoa.

Os tribunais de contas do Estado (TCE-PB) e da União (TCU) encontraram graves irregularidades na terceirização do Trauma. Gaeco e Polícia Federal apuraram que a Cruz pagou propina e mensalão a Livânia e a outros membros do governo.

Graças ao trabalho da Operação Calvário, a Justiça já bloqueou bens da ex-secretária para garantir possível ressarcimento de danos aos cofres públicos da ordem de R$ 850 mil, até aqui.

 

ARTIGO DE RUBENS NÓBREGA

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