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‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’ mostra com delicadeza o despertar da sexualidade

filmeFoi com sala lotada que o paulistano Daniel Ribeiro estreou Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, na seção Panorama do 64º Festival de Berlim, na noite de segunda-feira, 10. O filme foi muito aplaudido ao final, e a maior parte do público ficou para a sessão de perguntas e respostas depois da exibição.

Ribeiro é diretor de dois curtas-metragens famosos, Café com Leite (2008), que ganhou o Urso de Cristal da mostra Geração 14plus no Festival de Berlim, e Eu Não Quero Voltar Sozinho(2010), que virou sensação no YouTube e foi uma espécie de teste para seu primeiro longa-metragem.

 

Os três bons atores principais do curta estão de volta. Ghilherme Lobo é Leonardo, um adolescente cego superprotegido pelos pais (Lúcia Romano e Eucir de Souza). Sua amiga inseparável é Giovana (Tess Amorim), que fica enciumada quando um novo aluno, Gabriel (Fabio Audi), disputa com ela as atenções de Leonardo. O protagonista rapidamente descobre que tem sentimentos pelo amigo.

O cineasta expande o universo do curta sem soar repetitivo. Ele declarou que teve de mudar algumas coisas depois de Eu Não Quero Voltar Sozinho virar um sucesso no YouTube. O roteiro de sua autoria incorpora as conversas e o humor tipicamente adolescentes, e seus personagens, seus relacionamentos e desentendimentos são muito reais. Daniel Ribeiro queria mostrar o despertar da sexualidade num garoto que nunca viu um homem nem uma mulher, em que o componente visual está ausente. Com delicadeza, sem tornar a homossexualidade uma bandeira a ser defendida, mas também sem ter medo de abordá-la, discute qual a origem da paixão, seja ela por quem for.

O Homem das Multidões – Na mesma noite, em horário mais ingrato, às 22h30, aconteceu a apresentação oficial de O Homem das Multidões, dirigido pelo mineiro Cao Guimarães e pelo pernambucano Marcelo Gomes. O filme, exibido no Brasil no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, também é apresentado dentro da mostra Panorama no 64º Festival de Berlim. Pouco mais da metade da sala estava cheia.

Baseado no conto homônimo de Edgar Allan Poe, tem como protagonista Juvenal (Paulo André, do grupo de teatro mineiro Galpão), condutor de trens do metrô em Belo Horizonte. É um homem solitário que se cerca de gente, sem conseguir interagir com ninguém. Sua supervisora, Margô (Silvia Lourenço), um dia lhe faz um pedido inusitado: que seja padrinho do seu casamento com um homem que conheceu na internet. Silencioso, de ritmo lento, o filme exigiu mais dos espectadores presentes, mas pareceu agradar a quem estava na sala.

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