Justiça

Ex-tesoureiro vai à CPI e entrega cheques supostamente emitidos na gestão de Veneziano

rennan-camaraO ex-tesoureiro da Prefeitura de Campina Grande, Rennan Trajano, cumpriu o prometido e compareceu nesta segunda-feira (21) à Câmara da cidade para prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga suposto esquema de corrupção na gestão do ex-prefeito Veneziano Vital do Rêgo (PMDB).

Na ocasião, ele entregou à CPI uma lista de cheques emitidos pela gestão municipal de maneira pré-datada, fato negado peremptoriamente pelo ex-titular da Secretaria de Finanças, Júlio César Câmara Cabral.

O depoimento de Rennan estava previsto para ocorrer na última segunda-feira, mas foi adiado para hoje sob a alegação de que ele teria que prestar esclarecimentos na Polícia Federal.

Entenda o caso:

O ex-tesoureiro da Prefeitura de Campina Grande (PB) Rennan Farias afirma que, em 2010, entregou dinheiro em espécie ao então candidato ao Senado Vital do Rêgo (PMDB-PB), hoje ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).

Ele diz que a verba foi desviada de um contrato de R$ 10,3 milhões da prefeitura com uma empreiteira que não executou os serviços.

“[Eu] deixava lá o pacote, ou a caixa, ou a sacola, a caixa de uísque [com o dinheiro desviado], depois ele [Vital do Rêgo] fazia toda a repartição e resolvia seus problemas de campanha”, diz.

Além dos desvios da prefeitura, ele afirma ter levantado cerca de R$ 10 milhões junto a agiotas para as campanhas dos Vital do Rêgo.

Diz ainda ter feito entregas também ao irmão do ministro, o deputado federal Veneziano Vital do Rêgo (PMDB-PB), e a firmas que atuavam nas campanhas da família. Os dois negam as acusações.

No TCU, Vital será um dos nove ministros a analisar as contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff. Se rejeitadas, elas podem abrir caminho para um processo de impeachment no Congresso.

Na sede da empreiteira JGR registrada na Receita Federal funciona um escritório de contabilidade que atende diversas outras firmas. A empreiteira, porém, não tem funcionário ou maquinário lá.

A JGR, segundo Rennan Farias, foi usada para desviar recursos do município à campanha ao Senado do atual ministro do TCU Vital do Rêgo.

A empreiteira recebeu R$ 10,3 milhões da prefeitura. Segundo o escritório, os proprietários da JGR não são localizados há anos pelos próprios contadores, que tentam receber uma dívida antiga.

Outro endereço indicado em documentos da prefeitura é uma sala desativada há anos. Em outros dois endereços atribuídos à JGR estão um ambulatório e outro escritório de contabilidade.

Os balanços contábeis da JGR mostram um lucro líquido de 95% da receita total de 2009, ano em que fechou o contrato com a prefeitura. A empresa informou ter recebido R$ 1,67 milhão (86% provenientes da prefeitura), mas gastou apenas R$ 76 mil. O balanço de 2010 não está arquivado na Junta Comercial.

A JGR foi aberta, com outra denominação, pelo mesmo servidor da Prefeitura de Campina Grande, Roberto Carlos Cantalice de Medeiros, que posteriormente foi o responsável, na Secretaria de Obras, por “todo o processo de empenho” das obras denunciadas por Rennan Farias. Medeiros diz não ter feito nenhum contrato com a prefeitura até vender sua parte na JGR, por volta de 2007.

 

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