Operação Calvário

Delações de Ivan Burity e Livânia diz que RC recebeu propinas do Bradesco e da Via Engenharia

O ex-secretário executivo de Turismo do Estado da Paraíba, Ivan Burity, contou em delação ao Ministério Público da Paraíba (MPPB), que o Bradesco e Alpargatas teriam feito doações para campanha à reeleição do então governador Ricardo Coutinho (PSB) em 2014, em troca de vantagens. No caso da Alpargatas, benefícios fiscais, no caso do Bradesco, os empréstimos consignados dos servidores públicos estaduais. As informações foram publicadas pela revista Crusoé.

O material obtido pela Crusoé, referente à delação de Ivan Burity, revela que o então governador, Ricardo Coutinho, ordenou que Burity e a secretária de Administração da Paraíba, Livânia Farias, viajassem a São Paulo, para pedir doações às duas empresas.

De acordo com um trecho da matéria, “A ordem, diz o delator, era ‘ir pra cima’ e conseguir 3 ou 4 milhões de reais. Deu certo. Burity conta que o Bradesco e a Alpargatas concordaram em dar o dinheiro, oficialmente, mas as doações foram condicionadas a benefícios no governo de Coutinho. Diz ele: ‘Os benefícios do Bradesco estavam relacionados ao processamento e operacionalização dos créditos consignados tomados pelos servidores públicos estatais ao passo que Alpargatas tinha benefícios fiscais’. Teria funcionado.”.

Ivan Burity contou que a doação do Bradesco estreitou a relação do banco com o grupo de Coutinho. Tanto que o Bradesco foi o banco escolhido para gerir a folha de pagamento do Governo do Estado, a partir de novembro de 2017, o que, segundo Burity, teria acontecido com a intermediação de Livânia Farias.

A Crusoé informou que procurou o Bradesco e a Alpargatas, mas as empresas não se manifestaram sobre o assunto.

Via Engenharia – Em delação, a ex-secretária de Administração da Paraíba, Livânia Farias, disse que a Via Engenharia pagou propina de 3% sobre os contratos firmados com o Governo da Paraíba na gestão de Ricardo Coutinho. Uma espécie de taxa fixa. A revelação foi feita na tarde desta sexta-feira (10).

A delação foi feita no âmbito da Operação Calvário, que investiga desvios de recursos da Saúde e da Educação do Estado da Paraíba. Livânia falou ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público da Paraíba (MPPB) fazendo denúncias sobre o ex-governador, dizendo que teria entregue pelo menos R$ 1,8 milhão a Ricardo Coutinho.

Consta em trecho da delação de Livânia “QUE a VIA ENGENHARIA foi com IVAN BUTIRY para recebimento e também foi na sede da empresa em Brasília conversar com NOLLI no período da campanha de 2012, 2014, 2016 e só não foi em 2018; QUE NOLLI era a ligação/operador da VIA ENGENHARIA; QUE era com NOLLI que conversava para saber como seriam os pagamentos; QUE havia um acerto, dito por NOLLI, que tudo que se pagasse ao consórcio, pois era um consórcio da QUEIROZ GALVÃO, VIA e MARQUISE seria 3%; QUE quem pagava era a VIA e IVAN que pegava; QUE uma vez foi com LEANDRO em Brasília e recebeu o dinheiro; QUE ficaram num hotel em Brasília e distribuiu para os fornecedores.”

Livânia também fez declarações sobre a empresa ABBC: “QUE não havia acerto de propina com a empresa ABBC como havia com a Cruz Vermelha mas houve um pedido nas eleições de 2014; QUE foi a São Paulo conversar com um representante de nome EDSON; QUE ligou para EDSON e o mesmo disse que estava no exterior; QUE teve uma discussão com EDSON pois o mesmo estava no exterior em plena campanha eleitoral; QUE EDSON mandou uma pessoa e disse a ela que estava precisando de um valor para pagar o avião; QUE isso foi em agosto; QUE ficou determinado que ele entregaria R$50.000,00 (cinqüenta mil reais) de entrada para o locador do avião e depois ele entregaria mais R$50.000,00 (cinqüenta mil reais)”.

 

 

com click pb

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