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Astro da Colômbia viu o pai ser assassinado e deve carreira à mãe

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O clube que quiser contratar o destaque da seleção colombiana Juan Guillermo Cuadrado, de 26 anos, terá que primeiro conversar com sua mãe. Ela é quem cuida de sua carreira, negocia seus contratos e dá declarações à imprensa sobre os desejos do filho. Tem sido assim há mais de uma década, quando o meio-campista começou a dar os primeiros chutes a sério nos campinhos da cidade de Necoclí, às margens do caribe colombiano.

O primeiro gol que Cuadrado marcou profissionalmente ele dedicou a Deus. Todos os outros, a Marcella Bello, sua mãe, que também tem sido seu pai desde uma noite sangrenta de 1992. Aos quatro anos, Cuadrado se escondeu embaixo da cama quando homens armados de metralhadoras entraram em sua casa para matar seu pai, um motorista de caminhões que transportava garrafas de refrigerante pela cidade.

“Talvez por causa da morte prematura do pai, ele teve que amadurecer mais rápido e hoje é o homem que é… humilde. Sempre lhe disse que as glórias de Deus você tem que merecer”, afirmou uma vez Marcella a um jornal da Itália, onde ele atua desde 2009.

“As glórias de Deus” na vida de Cuadrado se traduzem em números: um gol e três assistências em sua primeira participação em Copas. Seu passe estava avaliado em 30 milhões de euros antes do Mundial. Agora essa cifra deve ser ainda maior.

As bananas

Mas Marcella também precisou fazer sacrifícios para merecer o sucesso que o hoje titular da Fiorentina vive. Depois do assassinato do marido, foi trabalhar como embaladora de bananas, uma atividade econômica enorme na Colômbia, sempre presente nos romances de Gabriel Garcia Márquez.

Cuadrado lembra que, ainda menino, ajudava a mãe com as bananas e costumava colar as etiquetas nos pacotes da fruta que Marcella preparava.

Ela logo percebeu que o garoto que chutava tudo o que via pela frente poderia ter algum futuro no futebol, e o matriculou em uma escolinha da cidade. Enquanto ele jogava, ela terminava o colégio (ele frequentava as aulas noturnas dela no supletivo e costumava dormir ao lado enquanto a mãe fazia as lições). Depois, Marcella concluiu cursos técnicos para tentar um emprego melhor.

Os estudos logo deram resultado, e uma sorveteria lhe ofereceu o emprego de gerente. O problema é que ela teria de mudar de cidade. Mas os treinadores de Cuadrado, que já começava a se destacar nos campeonatos locais, pediram que ela deixasse o menino sob sua responsabilidade.

Foi assim que mãe e filho se separaram pela primeira vez, e o adolescente foi morar em uma pensão com os técnicos de sua escolinha de futebol. Marcella enviava dinheiro e comida frequentemente.

Foi nesse período que o então lateral alçou seus primeiros voos no esporte. Aos 13 anos, começou a jogar no Deportivo Cali e cresceu atuando em times pequenos da Argentina e das divisões inferiores da Colômbia.

Até que chegou ao Deportivo Medellin, clube do qual é torcedor até hoje. Destacou-se, jogou a Libertadores e conseguiu um contrato com a Udinese da Itália. Quando foi embora, os torcedores lhe escreveram uma carta agradecendo os serviços prestados. Ele guarda a missiva até hoje. Na Europa, mãe e filho voltaram a morar juntos.

Comida de mãe

“Os peixes da Itália são muito, muito feios, olhudos”, criticou Marcella em uma recente reportagem à revista colombiana Don Juan, que publicou um extenso perfil sobre o meia da seleção.

Marcella foi morar com o filho para administrar a sua carreira e também para diminuir sua saudade de casa. Quando pode, Cuadrado só come o que prepara Marcella, que é especialista em culinária colombiana: cozido de galinha, sopa de ovos, arroz com carne e banana e feijões.

Os dois chegaram a estrelar um popular comercial colombiano em que a mãe servia a receita preferida do filho: um simples, “mas bem temperado”, macarrão com molho de tomate.

A última palavra

Com as recentes boas exibições do filho na Copa, seu nome vem sendo especulado por uma série de clubes, incluindo o inglês Arsenal e o espanhol Barcelona, que estariam dispostos a desembolsar os 30 milhões de euros para tirar o talento de Cuadrado da Fiorentina.

E quem a imprensa italiana foi consultar sobre a veracidade das especulações? “Juan e eu gostaríamos de poder ficar aqui mais tempo. Florença agora é a nossa casa”, disse Marcella para alegria dos torcedores da Fiorentina.

Ou seja, se você é cartola de algum clube, não basta ter muito dinheiro para investir e uma camisa forte. Se quiser um casamento de sucesso com Cuadrado, terá que primeiro pedir sua mão a Marcella.

uol.com

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