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As últimas horas de Zé Dirceu antes de voltar à prisão

— Vão me julgar amanhã e vão me prender. — Foram essas as primeiras palavras do ex-ministro José Dirceu a um amigo, na véspera do julgamento que o levaria de volta à prisão. Com a certeza de que o Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4) não acataria a tese de sua defesa, restou ao líder petista se despedir.

Na noite de quarta (15), ele saiu de casa com a mulher, Simone, e a filha caçula Maria Antônia para um dos poucos restaurantes de Brasília que costumava frequentar, o Fulô di Jirimum, na Vila Planalto. Uma hora depois, 200 pessoas, a maioria políticos do PT, já estavam no local ao som de uma banda de MPB. Nas mesas, cerveja e pratos nordestinos.

Dirceu não quis beber, mas falou. Repetiu que suas chances de não voltar à prisão eram remotas e fez críticas ao governo de Jair Bolsonaro. O senador Humberto Costa (PT-PE) e o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) também discursaram. Já eram mais de 2h da madrugada quando os últimos convidados, entre eles Dirceu, deixavam o local.

Essa foi a segunda despedida do petista na mesma semana. No domingo (12), foi para São Paulo almoçar com as filhas. Apesar de todos saberem que seu próximo encontro tinha grande chance de ser em um presídio, a volta de Dirceu para atrás das grades não foi tema da conversa. Também não houve choro.

Na quinta-feira (16), quando o TRF-4 sacramentou seu retorno para a prisão, Dirceu só tinha um desejo, aproveitar os últimos momentos com a caçula. Neste quase um ano em que ficou em liberdade, fazia questão de buscá-la na escola quando não estava em viagem. Passou a maior parte do dia no apartamento.

A noite foi o momento mais difícil, a hora de arrumar as malas e de fazer a última refeição com a família. Dirceu pediu um de seus pratos favoritos, um filé à pargiana. Tomou uma taça de vinho. Junto de seu advogado, decidiu se entregar em Curitiba. Como das outras vezes, irá de carro. A viagem será longa, e sem data para volta.

 

 

o globo

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